Carioca vive em porão em Madri e ganha menos que no Brasil

O carioca C.S., 30 anos, deixou o Brasil e o emprego de professor de educação física para tentar a vida em Madri. Há oito meses na Espanha, ele ainda não conseguiu emprego fixo e é um exemplo das dificuldades que muitos brasileiros enfrentam quando tomam a decisão de morar fora.

Professor em academias do Rio de Janeiro, onde ganhava R$ 1,6 mil por mês, ele desembarcou na Espanha incentivado por um amigo brasileiro que chegou seis meses antes. Tinha a promessa de dividir apartamento, ter trabalho garantido e ainda desenvolver uma carreira internacional como lutador de vale-tudo.

A realidade surpreendeu o carioca. Longe do esperado, C.S. mora em um porão sem luz natural com mais dois brasileiros, treina vale-tudo com os amigos e trabalha nas noites de sexta e sábado como porteiro de uma discoteca. Pelo único trabalho que conseguiu, ganha o equivalente a apenas R$ 936 por mês, muito menos do que ganhava no Brasil.

"É muito difícil. Sem documentos, não dá para conseguir emprego nem pagar por um lugar bom para morar. Se não conseguir trabalho, vou ter que voltar. Não quero, mas estou ficando sem dinheiro. A gente vem para cá pensando em ganhar muito e rápido, mas só quem encara é que sabe que não é mole", desabafou.

C.S., que chegou a Madri em agosto do ano passado, já pensa em voltar para o Brasil.


Pesquisa

Segundo uma pesquisa recente, a maioria dos imigrantes brasileiros no país, 66,2%, está ilegal, mas consegue trabalhar em setores como a construção civil e o serviço doméstico. Dos que têm licença de trabalho, 66,8% são mulheres entre 30 e 40 anos.

"A adaptação não é fácil", disse o cientista social Daniel Wagman, que fez o levantamento para o Centro Europeu contra o Racismo e a Xenofobia.

O relatório revela que 81% dos imigrantes estrangeiros na Espanha não se sentem acolhidos pelo bairro onde moram, 72% têm problemas para alugar um imóvel e 65% dividem acomodação com compatriotas por falta de dinheiro ou outras circunstâncias.

Da BBC

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