Em busca da diplomacia participativa


Bom, achei essa matéria muito interessante e queria compartilhar com vocês. Foi escrita por Ulisses Riedel por volta de Julho de 2007:
"A migração de brasileiros para outros países é um fenômeno relativamente recente. Surgiu a partir da segunda metade dos anos setenta, quando milhares de brasileiros foram residir no Paraguai em busca de terras férteis e baratas. Conhecidos como “brasiguaios”, eles já representam 8% da população daquele país e respondem por 1,3 milhões de hectares cultivados. Apesar disso, a maioria deles ainda está em situação de ilegalidade e sofre diversos tipos de constrangimentos, inclusive o pagamento de taxas para permanência sempre provisória.A partir dos anos oitenta, com a crise financeira no Brasil, surgiu uma nova onda de migrações de brasileiros direcionada principalmente para os Estados Unidos, Japão e países da Europa. Nos Estados Unidos, a maior parte dos brasileiros ocupam empregos que requerem pouca ou nenhuma qualificação, tais como limpeza doméstica, atendimento em bares e restaurantes, e outros serviços mais pesados, em situação de clandestinidade. A emigração para o Japão, por sua vez, atraiu grande número de brasileiros descendentes de japoneses, chamados de “dekasseguis”, que também são empregados na sua maioria em serviços de baixa remuneração.As estatísticas sobre a migração dos brasileiros para os outros países são dificultadas exatamente pelo fato de muitos viverem em situação de ilegalidade nos países de destino. Apesar disso, estima-se que 2,2 milhões de brasileiros vivem em outros países. Isso corresponde a mais de 1% da população brasileira e supera a população de Rondônia, Acre, Roraima, Amapá, Tocantins e Sergipe, considerados um a um, e supera a população do Distrito Federal.Mas a percepção sobre o êxodo de brasileiros vem mudando gradualmente. Se no passado a emigração de brasileiros era vista de uma forma negativa, hoje eles são vistos como fatores estratégicos na promoção do país. Viver num país estrangeiro representa, para muitos, a oportunidade de aprender novas culturas e de adquirir novos saberes e experiências, que constituem um capital intelectual posteriormente aplicado no desenvolvimento brasileiro. Em termos econômicos, as remessas de divisas dos residentes no exterior já ultrapassaram a casa dos US$ 2,5 bilhões, valor muito expressivo no Balanço de Pagamentos. Para se ter uma idéia do que isso representa, basta lembrar que é um volume de recursos maior do que o das exportações de soja, um dos itens mais importantes do nosso comércio exterior.A diplomacia brasileira vem procurando resolver os conflitos e aumentar a cooperação entre os brasileiros que moram no exterior. Uma das iniciativas, por exemplo, foi a adoção do conceito de Diplomacia Participativa. O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, vem incentivando uma nova postura no relacionamento das Embaixadas com as comunidades brasileiras no exterior. Na Embaixada do Brasil na Bélgica, por exemplo, os brasileiros residentes naquele país são convidados semanalmente a participar de reuniões na Embaixada onde discutem os problemas que os afligem e buscam a viabilização de soluções práticas. Eles se organizam, também, para acolher os novos brasileiros desde o momento da chegada ao Aeroporto até a adaptação e integração no novo ambiente. A Embaixada confere-lhes o título honorífico de "Embaixadores Voluntários" pelos serviços que prestam à causa da aproximação Brasil/Bélgica e à busca de melhores condições para os brasileiros que lá residem.Nesse ambiente de Diplomacia Participativa, surgiu recentemente uma reivindicação de representatividade parlamentar por parte dos brasileiros que residem no exterior. A idéia é eleger deputados como representantes dos brasileiros residentes fora do país. Tal sistema já é adotado por outros países como França, Portugal e Itália. Para a institucionalização de tal dispositivo foi elaborado primeiramente um estudo que, depois de examinado pelo Dr. Ives Gandra Martins, deu origem a um Projeto de Emenda Constitucional que tomou o número 44/2006. Se aprovado, o projeto abrirá um canal de influência e participação que poderá mudar substancialmente o relacionamento político administrativo com as comunidades brasileiras no exterior."
A Diplomacia Participativa era um ponto que acredito que deveria ser bem focado, pois assim com certeza a vida de muitos brasileiros no exterior melhoraria, ou tenderia a melhorar. Os mesmos participariam de reuniões e estariam atentos a todos os problemas, e quem sabe não ajudariam a resolvê-los? Por isso mesmo que são chamados de “Embaixadores Voluntários”.
Alguns países já são adeptos a essa Diplomacia e a tendência agora é só aumentar, para que aumente a cooperação entre os brasileiros que residem fora do país.

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