Estudantes são ``embaixadores´´do Brasil no exterior



Estudar no exterior é um sonho para muitos, que vêem nessa opção a possibilidade de valorização de sua formação, tanto pessoal como profissional. Mas a relação entre aqueles que alcançam esse objetivo e os países que os recebem não tem apenas uma via. Os visitantes sempre levam para seus locais de origem uma bagagem muito valiosa, mas deixam também suas experiências de vida, seus relacionamentos e atuam como divulgadores da cultura brasileira e das "coisas do Brasil".


Anualmente, mais de 40 mil jovens vão para fora do Brasil estudar: seja para fazer um curso de inglês; um intercâmbio entre universidades; high school (no Brasil, conhecido como ensino médio); ou para estagiar, entre outras atividades. Mas como será que esses estudantes apresentam a cultura brasileira no exterior?


Paulo Edson de Almeida Barreto, 21 anos, apresentador de TV, professor de inglês e estudante de Direito da  UFT (Universidade Federal do Tocantins), fez high school em Izmir, na Turquia. O estudante conta que recebeu um kit de divulgação do Brasil da ONG  AFS (American Field Service), responsável pelo intercâmbio, especialmente elaborado pela Embratur, contendo mapas, cartilha com informações gerais sobre nosso país e uma fita de vídeo com belas imagens. Paulo, que era professor de dança de salão no Brasil, conta como foi o início de sua estadia na Turquia. "Quando eu cheguei lá, encontrei uma escola de dança onde dei aulas durante alguns meses. Aulas de zouk, bolero, chachacha, salsa e samba, ritmos que os turcos desconheciam", explica.

"Levei CD´s, bandeira e blusinhas do Brasil e também um livro que falava várias coisas do nosso país", relata empolgada a administradora de empresas, Carla Carcagnoli Pitta, 23 anos, que estudou inglês em Santa Bárbara, Califórnia, nos Estados Unidos. "Os americanos não entendem muito como nosso país pode ser tão grande. No início, eles achavam que nós morávamos no meio da mata com os macacos. Isso é ridículo mas eles pensavam dessa forma", explica.



"Não sofri nenhum preconceito por ser brasileiro", é o que conta Thomaz Alexandre Napoleão, 21 anos, estudante de Jornalismo e Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), que por meio de um intercâmbio da universidade foi estudar Relações Internacionais na Universidade de Paris 8, na França.

Thomaz lembra ainda que divulgou a cultura brasileira em conversas com os amigos sobre como é viver aqui. "Divulguei um pouco a música brasileira através dos CDs que levei e emprestei para amigos e também preparei muitas caipirinhas em festas", relata.


Nossa imagem lá fora

Acreditem ou não, a imagem do nosso país lá fora não é tão ruim quanto às vezes podemos supor. Thomaz conta que os franceses sempre tiveram simpatia pelo Brasil e pelos brasileiros, e atualmente têm mais ainda. "Por dois motivos: o Lula é muito bem-visto pelos franceses - que às vezes o comparam ao Salvador Allende - e a música brasileira está na moda em Paris. Existem discotecas brasileiras (como o Favela Chic, que está sempre lotada), shows de bossa nova e samba. E é muito comum encontrar um francês vestindo a camisa amarela da seleção brasileira", conta entusiasmado.

Na Turquia não é diferente. "Todo mundo conhece e gosta do Brasil, especialmente por causa do futebol. No principal time de lá, o Galatasaray, mais da metade dos jogadores titulares são brasileiros", conta Paulo.

Apesar de afirmar que não sofreu nenhum tipo de preconceito na França, Thomaz explica que os franceses não são tão hospitaleiros com estudantes de todas as nacionalidades. "Em geral, não existe preconceito contra o que é do Brasil, nada que lembre o racismo que existe na França contra imigrantes árabes, africanos, leste-europeus ou mesmo judeus", enumera.

Segundo ele, os europeus têm uma visão meio paternalista em relação à América Latina. "Esperam que um dia consigamos superar a pobreza e cheguemos ao desenvolvimento", acredita Thomaz.

Para Tertulino, a visão negativa que algumas pessoas têm em relação ao Brasil se deve ao fato de que a mídia internacional sempre divulga os piores fatos a respeito do nosso país. "Um dos grandes méritos do nosso programa é transformar aquele jovem que desconhece totalmente o nosso país em um embaixador permanente quando do seu retorno", explica.

No que diz respeito ao preconceito, o presidente da ABIJ conta que é feito um acompanhamento constante dos estudantes por meio de relatórios mensais e nunca foi observado qualquer tipo de discriminação aos participantes do programa.



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